[caption id="attachment_1632" align="alignright" width="300"] A manhã do segundo dia do I Encontro de Bibliot...
[caption id="attachment_1632" align="alignright" width="300"] A manhã do segundo dia do I Encontro de Bibliotecas foi dedicado ao trabalho em grupo: mapear o setor é a missão - Fotos: Ilma-Cepoma[/caption]
Um instante importante
junto aos bibliotecários,
estivemos mobilizados,
mostramos não ser otários.
Procuramos trazer o melhor
para nossos usuários.
+++
(Refrão)
Aqui tudo é bom,
mas nem tudo presta.
Nós queremos o melhor
para nossas bibliotecas.
+++
Todos juntos somos fortes
se pudermos nos unir,
procurando parceria
para a leitura evoluir.
Bom espaço de cultura
teremos que exigir.
Desde a qualificação
até a acessibilidade,
mostrando que a equipe
e nossa comunidade
são o mais puro sentido
para essa realidade.
(Refrão)
+++
Com tudo isso e o acervo
nossa história já se fez,
porém, pedimos ao governo
que nos valorize mais.
Só assim somos felizes
e promovemos a paz.
O poema acima é parte da apresentação dos resultados dos trabalhos em grupo que tomaram a manhã do segundo e último dia do I Encontro Estadual de Bibliotecas PE, na quarta-feira, 14, na Academia Pernambucana de Letras, no Recife. É, também, por assim dizer, um mostra da criatividade das pessoas que se dedicam a promover o acesso à biblioteca, ao livro, à leitura e à literatura; a fomentar o prazer em ler, enfim - no estado, no Nordeste, em Minas Gerais, Brasil afora. Ao invés de números e esquemas, versos para traduzir o diagnóstico.
[caption id="attachment_1651" align="alignleft" width="300"] A Carta do Recife trará as conclusões e as reivindicações do I Encontro Estadual de Bibliotecas - Fotos: Costa Neto/Fundarpe[/caption]
[caption id="attachment_1653" align="alignleft" width="300"] A mesa de encerramento, a partir da esquerda: Tânia Pacheco, Volnei Canônica, Roberto Azoubel, Cleonice Ferraz, Edilene Silva[/caption]
Valer-se do imaginário para recriar a realidade ajuda a superar as dificuldades. Talvez seja esta a receita para encarar os desafios. E estes não são poucos nem pequenos - nos três segmentos de bibliotecas incorporados à pauta do Encontro: público, escolar e comunitário. A começar pela necessidade, permanente, de sensibilizar os gestores públicos para a importância da biblioteca na disseminação da leitura, do livro e da literatura como direito e instrumento de exercício da cidadania. Incorporação essencial para a definição de políticas públicas para a formação de um Brasil leitor.
"O trabalho na biblioteca abre a visão para a vida, para a realidade. Infelizmente, nem sempre nossas autoridades o reconhecem. Vejo que a luta é a de sempre, e cada vez mais", observa, ao final do Encontro, a bibliotecária aposentada Argentina Lopes, por 19 anos e meio na Coordenação de Bibliotecas Centro-Sul de Pernambuco.
De fato, todos reconhecem, inclusive gestores presentes, que dentre os elos que formam a corrente literária - criação, produção e mediação -, o mais valorizado pelo setor público, governo federal incluso, é o produtivo - o livro, os editores, em última instância. "É preciso inverter essa prioridade, valorizar a ação das bibliotecas", pontua Edilene Silva, professora da Faculdade de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Pernambuco. Ela integrou a mesa de encerramento, que tratou as Considerações acerca da Realidade - Sugestões, Encaminhamentos e Proposição de Agenda.
Roberto Azoubel, da Representação do Minc - Ministério da Cultura no Nordeste, mediador, concorda: "O coração da política pública do livro é aqui, é a cadeia mediadora. Aí é que se devia concentrar os investimentos". Entretanto, constata: os gestores têm dificuldade em provocar a participação da sociedade civil. É o caso, por exemplo, da construção de planos estaduais e municipais do livro e da leitura, que deviam replicar o PNLL: "É preciso sensibilizar a sociedade civil para colaborar, cobrar dos poderes locais, senão não vai..."
Em outras palavras, se falta políticas públicas, as que existem só funcionam se o cidadão, as organizações populares e setoriais, a dita sociedade civil, delas se apropriarem. Conforme, Tânia Pacheco, do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, "nós fazemos parte dessa vontade política". É preciso se apropriar o que existe, e se unir para multiplicar, por exemplo, o PNLL nos planos estaduais e municipais. "Há municípios em que o prefeito não quer a biblioteca; podemos sensibilizar, mobilizar a sociedade para que cobre do gestor esse direito que está previsto em lei", exemplifica.
O desafio do trabalho colaborativo, a seu ver, encontra, cada vez mais, ambiente propício para gerar bons frutos. Tônica, aliás, das falas de diferentes integrantes desta e das mesas do primeiro dia do Encontro. Interagir ao invés de contrapor a Cultura e a Educação, as bibliotecas escolares, públicas e comunitárias. Estabelecer e/ou aprofundar as parcerias entre a gestão pública e a sociedade civil. Comprometer e monitorar o poder público para criar e executar as políticas públicas para o fomento das bibliotecas, o que implica planejamento, necessariamente atrelado a orçamento - requisitos fundamentais ao trabalho com qualidade, que requer recursos materiais e humanos.
Volnei Canônica, coordenador do Programa Prazer em Ler, do Instituto C&A - do qual a Releitura é parte - lembra a necessidade de valorização da biblioteca comunitária como um espaço de promoção e acesso ao livro e à leitura: "Ela chega onde o Estado não alcança". Para ele, é fundamental a mobilização das redes para se chegar aos gestor público, assim como é imperioso lembrar que "informação é poder e o acesso a ela um direito".
Reitera a importância da disseminação da Lei 12.244/10, que estabelece a obrigatoriedade de bibliotecas em todas as instituições de ensino até 2020. Significa que, para cumprir a exigência, seria necessário a construção de 24 bibliotecas por dia: "Há dinheiro para construir estádios de futebol e por que não para construir bibliotecas? Tem que haver e precisamos mobilizar a sociedade civil para exigir que se construa bibliotecas escolares, com qualidade, com recursos materiais e humanos, e fazê-las funcionar". Até para que não se perpetue, como epitáfio, a constatação de Cleonice Nogueira Ferraz Porpino Estruc, da Coordenadoria de Bibliotecas, da Secretaria de Educação, de que "trabalhar em bibliotecas é também muita alegria, mas também muita dor..."
A propósito, o Instituto C&A integra a coalizão de nove organizações - dentre elas o Movimento por um Brasil Literário e Todos pela Educação - que move a campanha Eu Quero Minha Biblioteca (www.euquerominhabiblioteca.org.br). Acesse e aja!
No que depender da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, as proposições que saem do I Encontro Estadual de Bibliotecas Públicas, terão encaminhamento assegurado. A parceria com o movimento por um população mais leitora, do qual as bibliotecas comunitárias são parte ativa, tem sido produtiva. Segundo o escritor Wellington Melo, da Coordenadoria de Bibliotecas da Fundarpe - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, "é um movimento que culmina nesta reflexão", traduzida no seminário.
Embora a Secretaria de Cultura não tenha a gestão de bibliotecas, a cargo da Secretaria de Educação, ele afirma e reafirma o interesse da Secult, via coordenadoria, em fazer a aproximação em prol da causa da leitura, do livro e da literatura - e admite que "falta o bê", de bibliotecas. "A Secult foi refundada", garante. E transmite o compromisso do secretário Fernando Duarte, a quem representou no evento: "Os dados que saem desse encontro vão servir, mais uma vez, para dar um norte aos investimentos dentro da Secretaria de Cultura para o setor".
O I Encontro Estadual de Bibliotecas vai gerar dois documentos, a serem redigidos e sistematizados por comissão representativa dos seguimentos presentes, tirada em plenário: A Carta do Recife, com os principais pontos de reivindicações, e o mapeamento do setor de bibliotecas públicas no Estado de Pernambuco.
Depois - e não amanhã, como na postagem original - tem mais neste blogue.
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Revista e atualizada em 19.11.2012, às 18:18, hora do Recife.
Um instante importante
junto aos bibliotecários,
estivemos mobilizados,
mostramos não ser otários.
Procuramos trazer o melhor
para nossos usuários.
+++
(Refrão)
Aqui tudo é bom,
mas nem tudo presta.
Nós queremos o melhor
para nossas bibliotecas.
+++
Todos juntos somos fortes
se pudermos nos unir,
procurando parceria
para a leitura evoluir.
Bom espaço de cultura
teremos que exigir.
Desde a qualificação
até a acessibilidade,
mostrando que a equipe
e nossa comunidade
são o mais puro sentido
para essa realidade.
(Refrão)
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Com tudo isso e o acervo
nossa história já se fez,
porém, pedimos ao governo
que nos valorize mais.
Só assim somos felizes
e promovemos a paz.
O poema acima é parte da apresentação dos resultados dos trabalhos em grupo que tomaram a manhã do segundo e último dia do I Encontro Estadual de Bibliotecas PE, na quarta-feira, 14, na Academia Pernambucana de Letras, no Recife. É, também, por assim dizer, um mostra da criatividade das pessoas que se dedicam a promover o acesso à biblioteca, ao livro, à leitura e à literatura; a fomentar o prazer em ler, enfim - no estado, no Nordeste, em Minas Gerais, Brasil afora. Ao invés de números e esquemas, versos para traduzir o diagnóstico.
[caption id="attachment_1651" align="alignleft" width="300"] A Carta do Recife trará as conclusões e as reivindicações do I Encontro Estadual de Bibliotecas - Fotos: Costa Neto/Fundarpe[/caption]
[caption id="attachment_1653" align="alignleft" width="300"] A mesa de encerramento, a partir da esquerda: Tânia Pacheco, Volnei Canônica, Roberto Azoubel, Cleonice Ferraz, Edilene Silva[/caption]
Valer-se do imaginário para recriar a realidade ajuda a superar as dificuldades. Talvez seja esta a receita para encarar os desafios. E estes não são poucos nem pequenos - nos três segmentos de bibliotecas incorporados à pauta do Encontro: público, escolar e comunitário. A começar pela necessidade, permanente, de sensibilizar os gestores públicos para a importância da biblioteca na disseminação da leitura, do livro e da literatura como direito e instrumento de exercício da cidadania. Incorporação essencial para a definição de políticas públicas para a formação de um Brasil leitor.
"O trabalho na biblioteca abre a visão para a vida, para a realidade. Infelizmente, nem sempre nossas autoridades o reconhecem. Vejo que a luta é a de sempre, e cada vez mais", observa, ao final do Encontro, a bibliotecária aposentada Argentina Lopes, por 19 anos e meio na Coordenação de Bibliotecas Centro-Sul de Pernambuco.
De fato, todos reconhecem, inclusive gestores presentes, que dentre os elos que formam a corrente literária - criação, produção e mediação -, o mais valorizado pelo setor público, governo federal incluso, é o produtivo - o livro, os editores, em última instância. "É preciso inverter essa prioridade, valorizar a ação das bibliotecas", pontua Edilene Silva, professora da Faculdade de Ciência da Informação, da Universidade Federal de Pernambuco. Ela integrou a mesa de encerramento, que tratou as Considerações acerca da Realidade - Sugestões, Encaminhamentos e Proposição de Agenda.
Roberto Azoubel, da Representação do Minc - Ministério da Cultura no Nordeste, mediador, concorda: "O coração da política pública do livro é aqui, é a cadeia mediadora. Aí é que se devia concentrar os investimentos". Entretanto, constata: os gestores têm dificuldade em provocar a participação da sociedade civil. É o caso, por exemplo, da construção de planos estaduais e municipais do livro e da leitura, que deviam replicar o PNLL: "É preciso sensibilizar a sociedade civil para colaborar, cobrar dos poderes locais, senão não vai..."
Em outras palavras, se falta políticas públicas, as que existem só funcionam se o cidadão, as organizações populares e setoriais, a dita sociedade civil, delas se apropriarem. Conforme, Tânia Pacheco, do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, "nós fazemos parte dessa vontade política". É preciso se apropriar o que existe, e se unir para multiplicar, por exemplo, o PNLL nos planos estaduais e municipais. "Há municípios em que o prefeito não quer a biblioteca; podemos sensibilizar, mobilizar a sociedade para que cobre do gestor esse direito que está previsto em lei", exemplifica.
O desafio do trabalho colaborativo, a seu ver, encontra, cada vez mais, ambiente propício para gerar bons frutos. Tônica, aliás, das falas de diferentes integrantes desta e das mesas do primeiro dia do Encontro. Interagir ao invés de contrapor a Cultura e a Educação, as bibliotecas escolares, públicas e comunitárias. Estabelecer e/ou aprofundar as parcerias entre a gestão pública e a sociedade civil. Comprometer e monitorar o poder público para criar e executar as políticas públicas para o fomento das bibliotecas, o que implica planejamento, necessariamente atrelado a orçamento - requisitos fundamentais ao trabalho com qualidade, que requer recursos materiais e humanos.
Volnei Canônica, coordenador do Programa Prazer em Ler, do Instituto C&A - do qual a Releitura é parte - lembra a necessidade de valorização da biblioteca comunitária como um espaço de promoção e acesso ao livro e à leitura: "Ela chega onde o Estado não alcança". Para ele, é fundamental a mobilização das redes para se chegar aos gestor público, assim como é imperioso lembrar que "informação é poder e o acesso a ela um direito".
Reitera a importância da disseminação da Lei 12.244/10, que estabelece a obrigatoriedade de bibliotecas em todas as instituições de ensino até 2020. Significa que, para cumprir a exigência, seria necessário a construção de 24 bibliotecas por dia: "Há dinheiro para construir estádios de futebol e por que não para construir bibliotecas? Tem que haver e precisamos mobilizar a sociedade civil para exigir que se construa bibliotecas escolares, com qualidade, com recursos materiais e humanos, e fazê-las funcionar". Até para que não se perpetue, como epitáfio, a constatação de Cleonice Nogueira Ferraz Porpino Estruc, da Coordenadoria de Bibliotecas, da Secretaria de Educação, de que "trabalhar em bibliotecas é também muita alegria, mas também muita dor..."
A propósito, o Instituto C&A integra a coalizão de nove organizações - dentre elas o Movimento por um Brasil Literário e Todos pela Educação - que move a campanha Eu Quero Minha Biblioteca (www.euquerominhabiblioteca.org.br). Acesse e aja!
No que depender da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, as proposições que saem do I Encontro Estadual de Bibliotecas Públicas, terão encaminhamento assegurado. A parceria com o movimento por um população mais leitora, do qual as bibliotecas comunitárias são parte ativa, tem sido produtiva. Segundo o escritor Wellington Melo, da Coordenadoria de Bibliotecas da Fundarpe - Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, "é um movimento que culmina nesta reflexão", traduzida no seminário.
Embora a Secretaria de Cultura não tenha a gestão de bibliotecas, a cargo da Secretaria de Educação, ele afirma e reafirma o interesse da Secult, via coordenadoria, em fazer a aproximação em prol da causa da leitura, do livro e da literatura - e admite que "falta o bê", de bibliotecas. "A Secult foi refundada", garante. E transmite o compromisso do secretário Fernando Duarte, a quem representou no evento: "Os dados que saem desse encontro vão servir, mais uma vez, para dar um norte aos investimentos dentro da Secretaria de Cultura para o setor".
O I Encontro Estadual de Bibliotecas vai gerar dois documentos, a serem redigidos e sistematizados por comissão representativa dos seguimentos presentes, tirada em plenário: A Carta do Recife, com os principais pontos de reivindicações, e o mapeamento do setor de bibliotecas públicas no Estado de Pernambuco.
Depois - e não amanhã, como na postagem original - tem mais neste blogue.
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Revista e atualizada em 19.11.2012, às 18:18, hora do Recife.