Porque o blogue Releitura expressa o direito à literatura, ao livro e à leitura, transcrevemos um poema que é um brado ao direito à vida, à ...
Porque o blogue Releitura expressa o direito à literatura, ao livro e à leitura, transcrevemos um poema que é um brado ao direito à vida, à palavra, à cultura e à terra ancestral. É da pernambucana-recifense, que hoje habita Garanhuns, Márcia Maracajá: professora de Língua Portuguesa, consultora textual e atriz performática, faz do corpo a poesia e das palavras mil gestos e imagens.
Tem, ainda, um trabalho literário voltado para crianças: Poesia para Criança Voar, agregado ao blogue que leva seu nome. Acaba de lançar o cordel Brincadeiras Livres para Criança Voar, projeto visual e ilustração de Myrna Maracajá, que vem a ser sua irmã, e publicado pela Editora Coqueiro.
Agora, vamos ao poema-flecha-Maracajá:
por Marcia Maracajá
MEU L U T O pelo Estado Brasileiro de Direito...
DECLARO-ME APATRIADA, desde já
[caption id="attachment_1565" align="alignleft" width="453"] Crianças indígenas formam a maioria do povo sob ameaça de expulsão e morte no Mato Grosso do Sul - Foto capturada no Avaaz.org[/caption]
Tem, ainda, um trabalho literário voltado para crianças: Poesia para Criança Voar, agregado ao blogue que leva seu nome. Acaba de lançar o cordel Brincadeiras Livres para Criança Voar, projeto visual e ilustração de Myrna Maracajá, que vem a ser sua irmã, e publicado pela Editora Coqueiro.
Agora, vamos ao poema-flecha-Maracajá:
SALVEMOS OS GUARANI-KAIOWÁ
por Marcia Maracajá
MEU L U T O pelo Estado Brasileiro de Direito...
DECLARO-ME APATRIADA, desde já
Sou também eu sangue desse povo
Sou também eu omissa e covarde
Sou também eu acuada em minha liberdade
***
Sou também eu apagada, enterrada sem chão
Sou também eu já sem fome, não saciada, derrotada
***
Entrego minhas armas
Agora sem terra, não há morada
Liberto a minha alma da opressão
Liberto a minha luta deste chão
***
Meu Deus esta a par da morte que sucede
Das águas, das pedras, das plantas, dos passarinhos
E de meu povo, lá, distante
Do povo já morto, por um fio ligado à vida
***
Para nós a palavra é uma casa, é nossa alma,
Para nós a palavra tem peso, valor além do metal
A palavra é a manifestação de nosso Deus
E Deus está triste, até ele não deseja toda essa "paz".
[caption id="attachment_1565" align="alignleft" width="453"] Crianças indígenas formam a maioria do povo sob ameaça de expulsão e morte no Mato Grosso do Sul - Foto capturada no Avaaz.org[/caption]
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Você pode ajudar a impedir o genocídio do Povo Kaiowá-Guarani. Clique para assinar a petição, e divulgue entre seus contatos.
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PS: A forma original do poema não contém asteriscos; esta foi a alternativa encontrada pelo blogue para o sistema respeitar a separação das estrofes. Coisas da tecnologia.